Texto de Mariana Serafini

(jornalista, escreve sobre America Latina e Cultura no Portal Vermelho)

O ano é 2018 e ainda ouvimos a máxima “de homem pra homem”. Temos um mundo pensado por homens, para homens, onde mulheres vivem à margem e resistem.

Ilustração de Helena Enne

Isso serve para as mais diversas áreas. Conquistamos espaço no mercado de trabalho, mas ainda temos dupla jornada, ao cuidar da casa, dos filhos, e trabalhar fora. Avançamos na academia, e continuamos a ganhar salários menores para desempenhar as mesmas funções. E ao longo do tempo, passamos a ocupar espaços praticamente dominados pelos homens. É o caso do universo da ilustração, dos quadrinhos, das artes.

É muito comum pensar em quadrinhos eróticos desenhados por homens, para homens. As opções são infinitas porque este universo pertence a eles. A sexualidade hétero masculina não é censurada, pelo contrário, é incentivada desde a infância e não falta espaço para se desenvolver e se inserir na sociedade, seja através do cinema, da literatura, das artes plásticas.

Agora tente lembrar quanta “oferta” existe deste mesmo nicho ao público feminino…

É como se mulheres simplesmente não tivessem interesse em consumir este conteúdo. Lembrem do começo do texto: o ano é 2018, mas a sociedade ainda não aprendeu a lidar com a sexualidade feminina. As mulheres são retratadas no universo erótico como alguém cuja função é estimular e dar prazer, e não o contrário, porque trata-se de um ambiente dominado, majoritariamente, por homens.

Em uma busca rápida no Google, encontramos ilustrações eróticas femininas, voltadas para mulheres, como se fosse algo raro, inédito, excêntrico. A sexualidade feminina é tratada como tabu.

Não falo enquanto especialista, ou alguém que acompanha o tema. Apenas como público alvo que percebe a falta da presença feminina neste ambiente. É um debate, no mínimo, interessante que merece espaço entre mulheres e homens.

Selecionei três ilustradoras – que não aparecem na busca do Google – cujo foco é a sexualidade feminina. A única coisa que elas têm em comum é o tema: mulheres gostam de sexo (para a surpresa da família tradicional brasileira). Cada uma tem um estilo, uma assinatura, são absolutamente diferentes entre si e valem ser seguidas nas redes sociais.

Neste 8 de março, de 2018, quando nos propomos a debater os direitos das mulheres, gostaria que mais garotas desenhassem para as garotas.

Frida Castelli
Micaela Palermo
 Tina Maria Elena Bak