Trabalho criativo
“Você trabalha com quê? Desenho? Ah, é tão bom quando a gente pode fazer o que gosta, né?”
Quem desenha certamente já ouviu uma frase como essa antes! Muita gente acha que trabalhar com desenho (com artes, de maneira geral), não é bem um trabalho: é mais uma diversão! Afinal, pode-se pensar que um trabalho “criativo”, “artístico” ou até “poético” precisa de inspiração e não da pressão de uma obrigação. Mas as coisas não são bem assim. Essa tal “inspiração” pode vir uma vez a cada tantos meses ou até, para algumas pessoas, talvez uma ou duas vezes na vida e durar alguns poucos instantes. Mas para que essa “inspiração” possa aparecer, é necessário criar um ambiente onde ela possa surgir. O artista cria esse ambiente favorável trabalhando!
E trabalho é trabalho: é aquilo que você até pode gostar, mas tem que fazer! Porque é obrigação, porque é sua responsabilidade, ou porque você tem que pagar boletos. Tem cliente pentelho, cliente que não sabe “brifar” ou que não sabe o que quer, tem refação, tem que passar nota, tem que conferir pagamento, cobrar, ser cobrado. Enfim, é chato! É claro que tem gente que trabalha um pouco diferente, talvez porque não tenha essa necessidade de gerar renda com o trabalho artístico, e para essas pessoas a pressão pode ser menor. Aí pode até ficar um pouco mais fácil desenvolver um trabalho pessoal, artístico e poético, por exemplo, mas essa não é a realidade para a maioria. E, mesmo assim, não é esperando a inspiração chegar que ela chegará magicamente, enquanto estamos deitados no sofá.
Inspiração e transpiração
É claro que é bom ter espaço e tempo pra descansar e para poder alimentar não apenas o corpo, mas também a mente e a alma. Um artista (como qualquer outra pessoa) faz isso lendo livros, ouvindo música, pesquisando assuntos e temas, assistindo a filmes e séries, buscando referências artísticas, conhecendo novos autores e produções, entre tantas outras coisas, como até sair para passear e observar a natureza ou a vida cotidiana. A diferença está no olhar atento. Afinal, para nós “artistas”, esse consumo cultural é o que alimenta nossa produção, e é bom que estejamos sempre um pouco “famintos” por isso! Mas também precisamos exercitar uma parte prática, onde desenvolvemos nosso próprio trabalho e a “inspiração” que vem de toda essa variedade de produção cultural que absorvemos, aparece através de muita “transpiração”.
Na origem grega da palavra, “arte” é “tékhne“, termo que deu origem à palavra “técnica”. Assim como “trabalho” é “poiesis“, termo que deu origem a “poesia”. Hoje em dia é muito comum pensarmos nessas coisas separadamente. Mas é importante tentar pensar nessas coisas um pouco mais juntas: a prática é fundamental para desenvolver um trabalho criativo! É através de muita prática, muito trabalho, que dominamos a “técnica”. E só assim abrimos espaço para deixar aflorar, em nossa produção, a poesia e a “arte”.
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E você, já tinha pensado nessas coisas? Como você faz para lidar com seu trabalho criativo? Compartilhe as suas dicas (ou as suas aflições!) nos comentários do post no insta ou no facebook!