Você já deve ter ouvido falar da Rebecca Sugar. Não? Pois devia… Ela não é “apenas” a criadora da série “Steven Universe”, um dos maiores sucessos do canal Cartoon Network dos últimos anos. Ela escreve, ela desenha, ela é uma storyboarder e também uma diretora incrível, ela compõe música, ela toca ukulele, ela dubla e canta, ela cria universos. Além disso, é digno de nota que ela seja (acreditem!) a primeira mulher a criar uma série independente para a emissora!

Em 2012, a revista americana Forbes a elegeu como uma das trinta pessoas (abaixo dos 30 anos) mais relevantes no mundo do entretenimento. E olha que na época, ela ainda era roteirista, storyboarder e compositora, trabalhando na série “Adventure Time”. O desenho animado era um dos mais inovadores na época e Rebecca foi responsável por diversos dos seus melhores episódios. “Steven Universe” só seria lançado no ano seguinte. E as previsões sobre seu futuro não poderiam estar mais corretas: de lá pra cá ela já ganhou quatro indicações ao Emmy e sua nova série é um sucesso que pode influenciar gerações.

A primeira vez que assisti a um episódio de “Steven”, achei estranho. O desenho não era o que eu estava acostumado a ver como lindo, era só bom, mas a narrativa era incrível! As histórias não tinham tramas complexas (apesar de intergalácticas), nem ganchos e truques para você não querer perder o próximo episódio, mas as personagens eram tão cativantes! Os cenários e as paletas de cores bem cuidadas acabam chamando a atenção num mercado onde a regra é o exagero (de cores, de contrastes, de saturação, de intensidade). E aí, quando você já está fisgado, você vai percebendo que é uma série dramática. Que não existe um vilão, um arqui-inimigo. Uma série que aborda questões sérias, que te faz pensar.

Sobre família – e ajudando a desconstruir uma ideia de família que ainda hoje é passada como natural. Sobre comportamento e diversidade de gênero. Sobre representatividade e pertencimento. E também sobre valores. Sem ser bobo, sem lições de moral explícitas, sem tratar a criança como “criança”. E isso é tratar o público (e ensiná-lo a tratar a todos) com respeito

Dica de: Olavo Costa